Foto: Lucas Amorelli (Arquivo Diário)
Uma boa notícia para os lojistas é que o setor de máquinas de pagamento está em polvorosa depois que a operadora Rede, do Itaú Unibanco, decidiu zerar a taxa para antecipar o repasse às lojas do valor das vendas feitas por elas por meio de cartões de crédito. É que o lojista, para ter a maquininha de cartão, tem de pagar um percentual das vendas feitas por meio de cartão de crédito e débito - varia de 2%, 5% ou até mais que o empresário paga à operadora relativo a todo o valor que vendeu com a maquininha. Mas a loja só vai receber esse dinheiro daqui a 30 a 60 dias. Se quiser antecipar o recebimento dessa grana que é dela, a loja terá de pagar mais um percentual de taxa às operadores, que fazem um empréstimo ao lojista. Foi isso que a Rede deixou de cobrar agora dos lojistas, o que deve acirrar a concorrência com as demais bandeiras de máquinas de cartão. A Rede também reduziu o prazo em que os lojistas receberão os valores depositados para dois dias.
O reflexo foi imediato na Bolsa de Valores. Ontem, as ações da Cielo recuavam 7,52%, maior queda da Bolsa brasileira. A Stone desabava 23,7%. E a PagSeguro caía 12,76%, na Bolsa de Nova York. Mas a consequência mais importante para os lojistas e os consumidores poderá ocorrer em seguida, quando essas outras operadoras possivelmente terão de cortar ou reduzir drasticamente essa taxa para antecipação do pagamento aos lojistas. O empresariado em geral já reclama, e com razão, das taxas elevadas cobradas pelas operadoras, pois além de cobrar um percentual para fornecer a maquininha, ainda lucram emprestando ao lojista um dinheiro que já é dele.
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CONCORRÊNCIA FAVORECERÁ LOJISTAS
Se essa concorrência entre as operadores de máquinas seguir, deve reduzir custos aos lojistas e facilitar o recebimento dos valores das vendas feitas por cartão, ajudando no capital de giro.
- A iniciativa da Rede, apesar de agressiva, faz parte do processo de corte de preços pelo qual a indústria vem passando nos últimos seis meses. Continuamos cautelosos com a Cielo e os adquirentes puros em geral, uma vez que os grandes bancos têm espaço significativo para abrir mão de receita nesse segmento a fim de reter e atrair clientes PMEs para sua base - disseram os analistas da XP Investimentos em relatório a clientes.
De acordo com cálculos dos analistas, assumindo que as transações à vista representem de 30% a 40% do volume total de crédito, a Cielo poderia ter seu lucro líquido de 2019 reduzido em 10% a 20%. No caso da Stone, eles avaliam que deve ser mais impactada, uma vez que a empresa atua principalmente no mercado de pequenas e médias empresas.